quarta-feira, 15 de abril de 2009

A simplicidade é tudo

AIR S. ANTUNES

“O homem é a única criatura que se recusa a ser o que é”. Albert Camus

Existem certas coisas que não vão afetar a Bolsa de Valores e nem ao menos subtrair a receita do Poder Público, mas são coisas imprenscindíveis para a educação e para a cultura , em especial. O homem, um ser inteligente, estabeleceu para sua rotina regras de condutas, padronização de costumes e a habilidade no discorrer do vernáculo. Tudo isso faz-se necessário para sua estética moral, para o seu intelecto, para seu ego, enfim, para aquilo que o caracteriza a partir da incidência dos bons modos.
Antes dos elementos elencados acima o homem precisa se desfazer de uma série de vícios que o acompanham, precisa valorizar o ser mais que o ter, tem que reconhecer suas limitações, afinal é corriqueiro alguém acreditar ser o maioral, agir como se tivesse condições de interromper a trajetória do sol . É necessária a humildade! É necessário não ser arrogante, não ser prepotente, não ser ufanista, não ser egocêntrico, não ser demagogo, é necessário se libertar de todos estes males.
Por que tudo isso ? Porque existem coisas que tolhem a harmonia no trabalho, no meio social ou mesmo no meio religioso. O que tolhe a harmonia? Ora, o conceito de alguém sobre si mesmo de que ele é o melhor de todos, principalmente, quando não o é; de que não precisa da opinião de quem quer que seja; de que é auto-suficiente, de que entende de tudo, de que é o pai de todos os méritos, de que deve estar em todos os palanques, em todas as salas de visitas justamente porque todos devem saber quem ele é, que todos devem reverenciá-lo, etc. Estes tolhedores da harmonia, na verdade, acabam por serem ridículos, por serem antipáticos e, em contrapartida, acabam mediocrizando tudo aquilo que se faz necessário e banalizando as regras.
Não é necessário, como diz a gíria, ser fresco, mas é necessário produzir o caviar no mesmo requinte da produção do arroz e feijão, essa é a regra da simplicidade. Aliás, elegância é aparecer movido pela competência, é ser não importando o que se tenha, etc. O elegante é dominar a área e, nela, não atropelar o vernáculo, não assassinar os protocolos ou confundir as leis naturais ou mesmo aquelas as quais regem a sociedade ao longo do tempo.
O artigo em questão, no seu tom crítico/doutrinário, nada tem a ver com alguém em questão, mas faz sentido no exato momento em que a exacerbação da vaidade interfere na rotina natural da vida, em que a embalagem não condiz com o produto, em que avaliações são feitas apenas pela aparência, em que mitos transformam fatos numa outra história, em que julgamentos são feitos à base pura e simplesmente da antipatia ou mesmo da inveja e da incapacidade.
Finalizando, é muito importante que as pessoas se auto-avaliem em todos sentidos. É importante observar o que está à sua volta, que o mundo não vai parar se você morrer amanhã. É importante ouvir todas as versões. É imprescindível reconhecer que as limitações existem, assim como é válido lutar para que haja o aperfeiçoamento, para que o conhecimento se amplie, pois este não vigora sem que não seja buscado.
A simplicidade inclui também o reconhecimento, a verdade, de que se você é bom, se você conhece, você não navega solitariamente no barco do saber.


Artigo publicado na edição de 14 de abril do Jornal de Angatuba

Um comentário:

  1. Gostei do texto, vou publicar na minha pagina de O Jornalzao, pois ele, o texto, fala por mim e para mim. Voce , Air, sempre genial. bj

    ResponderExcluir